Escrevo e apago. Ouvir Bitches Brew do Miles Davis não está ajudando a criar uma progressão, portanto opto pela errância.
Um dia normal, um dia estranho.
Reflito e vejo que o aparentemente normal tinha um quê de anormalidade. Em determinado momento me senti um ser deslocado em meio a containers que chegaram do céu. Conhecia todos, mas não me comunicava com ninguém.
Os compromissos foram progressivamente ticados da agenda, alguns inclusive já pré-marcados para o dia seguinte.
A calma só vinha através da criação. Estranhamente organizada e necessária.
Contudo, com o início da noite o pensamento se voltou para a noite em si. Sexta-feira. Falta de opção não havia, porém também não havia a vontade.
Saio por insistência. Minha racionalidade geográfica me fez escolher o local mais próximo de casa. A saída e o retorno eram extremamente facilitados. Vários pontos de fuga.
A opção também implicava estar na companhia de amigos que me juntaram a outros amigos. Algo agradabilíssimo. Contudo, algo continuava errado, não houve ambientação possível. A agitação e os cheiros incomodavam. O ambiente sufocava. Precisava de ar.
A despedida foi quase na surdida ao mesmo tempo que buscava um anonimato para uma possível fuga.
A vontade era voltar para casa, escrever, exercer o meu direito de verborragia descontrolada e sem parâmetros. Se às vezes estar comigo mesmo é algo problemático, às vezes é uma necessidade.
Um dia estranho, ainda estranho. Ainda não terminou. Só o termino porque resolvo parar de escrever. O sono me impede de ser claro e inteligível. Ponto final.