quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Goela abaixo

De certa forma, atraso em relatar o fato, pois demorei a me indignar. Com certo delay, notei que pouco a pouco fui sendo abusado. Ninguém me perguntou nada. Para dizer a verdade, nessas horas nada é dito. Nada é conversado. Não há preliminares.

A boca foi o canal para tal profanação. Me empurraram, goela abaixo, uma nova ideia, que deveria passar a ser minha. Ao notar que ela não saia mais de forma natural, começou a desconfiança. Essa ideia é totalmente diferente das que costumo ter. A ideia é justamente fazer com que a minha idéia fique parecida com a dos outros.

A paranóia me fez crer que se tentavam padronizar a minha fala, também podem tentar o mesmo com meus pensamentos. Não rejeito um novo aprender, não prego o imobilismo, porém quero que a minha idéia mude de forma natural. Não quero parecer errado pelo simples fato de não concordar.

Nego, regurgito o máximo que puder. Permaneço antiquado. Transgrido com minhas idéias as normas que não me fazem sentido. Vomito de volta as palavras que não saem da minha boca.

2 comentários:

Isadora P. disse...

Gostei muito.

Você manda bem quando entra por umas vibes conspiratórias/paranóides, fica bem bacana. Acho que você pode explorar mais essa veia.
Inclusive, se me pergunta, acho que você está no clima certo para Kafka.

;)

beijos

Ps: Senti um certo mote inspiratório oriundo de uma certa discussão sobre a demissão da Maria Rita Kehl, que eu acompanhei pelo twitter... viagem minha? =P

luiz giban disse...

É.
Kafka que me olha aqui do lado parece ser realmente a opção correta. Porém, eu pretendo ser menos seco e mais onírico no meu próximo escrito.

Será? Acho que o que eu leio me contamina de alguma forma, por mais que eu negue, acompanhei a discussão, mas acabei twittando com outro viés.