terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Fugindo da própria sombra

Fujo da minha própria sombra
Tento esquecer meus pesadelos,
Tento esquecer todas as lembranças ruins.
Mas elas me perseguem.



O que fazer para me esconder?
Apagar a luz? Fechar os olhos?
Na escuridão não há sombra,
Porém também não há vida.

De olhos cerrados, a vida parece ser bem mais colorida.
As questões morais são deixadas de lado.
Os questionamentos são esquecidos.
Na escuridão mais profunda, sinto uma falsa felicidade.

Contudo isso não é o real.
A felicidade que sinto é uma troca.
Devo esquecer de tudo e seguir em frente?
Devo fingir que nada aconteceu?

Não. Devo abrir os olhos.
Na luz minha sombra volta a me atemorizar.
É um reflexo distorcido do que sou.
É um reflexo idêntico ao que realmente sou.

Corro, durmo, morro e nada adianta.
Continua no mesmo lugar.
Ela continua ao meu lado,
Mostrando os meus mais tristes sentimentos.

A sombra representa tudo aquilo que não desejo ver,
O que é recorrente em meus pesadelos.
Representa os meus temores,
Representa a verdade que querem encobrir.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O Coma Criativo - Parte Parte IV de IV (Final?)

A solução provisório-permanente

Ainda sentindo um oco na mente, um vazio no peito, uma ausência de sentimentos felizes, entro na última porta. Descubro rapidamente que ela representa a entrada e a saída ao mesmo tempo. Pisco os olhos e não acredito no que estou vendo. É uma enorme sala de projeção com várias telas. Ao mesmo tempo, vejo grande parte da minha vida ao vivo, das minhas lembranças.

É um turbilhão de imagens quem nem sempre me fazem bem, mas não consigo deixar de olhar. Deixar de sentir.

Pessoas que eu queria ao meu lado eternamente que não estão mais aqui.

Pessoas que não deveriam habitar o planeta Terra e que, infelizmente, continuam entre os seres humanos.

Choro com tudo o que vejo.
Vejo imagens de infância, perdidas, esquecidas.
Vejo imagens de adolescência, menos remotas e talvez mais melancólicas.
Vejo o mundo atual, transtornado, desfigurado.

Por que eu não consigo esquecer certas coisas e certas pessoas?

Por que uma mesma projeção continua e continua e continua?

É como ver um filme novo e, ao piscar os olhos, aparecer a mesma imagem que deveria ter sumido há pelo menos oito meses atrás. É um fotograma entre os vinte e quatro quadros, que passa em menos de um segundo, mas que incomoda o olhar. Que mexe com a cabeça totalmente. Quase uma mensagem subliminar.

O fato de ser uma projeção me dá uma pista da solução.

Não tenho como fugir de certas lembranças, por isso vou as assistindo e analisando, uma por uma. Depois, vou jogando lonas em cima dos projetores que estão passando imagens que quero esquecer. Sei que o calor da maquinaria queimará essas lonas, mas até lá o filme já pode estar em outro momento, em um momento talvez mais feliz.

Encontro uma Super 8 jogada no chão. Já é o bastante. Através dela, posso projetar meu novo mundo. Criar e realizar novas imagens que serão a realidade para mim. Seja essa realidade em película ou digital. É o que eu devo tentar, é o que eu devo fazer, ou morrer tentando. Não sou sobrinho de ministro. Não sou herdeiro de nada ou de ninguém... Apenas é o que me move para fora. O que me faz acordar.

Parece ser a melhor saída.
A saída de dentro do meu cérebro.
A saída como solução provisório-permanente do problema.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O Coma Criativo - Parte III de IV

Tentativa e erro

Estar dentro da minha cabeça por tanto tempo, é saber onde estou, por um lado, e estar completamente perdido, por outro.
Não posso deixar de ressaltar que tento diariamente sair daqui de dentro, contudo é muito difícil.
Olho para trás e vejo que um ano se passou, não sei mais por onde entrei e não sei como sair.

Os meus passos, pisando num chão molhado, cheio de goteiras, com formas grotescas, deixam minha mente nublada. Não vejo mais o mundo como via antes. Não lembro mais do que lembrava antes. Está tudo distorcido e acinzentado.

As coisas perderam as formas.
As cores, com suas infinitas possibilidades, deixaram de ser belas.

As cores foram reduzidas a apenas três: azul, vermelho e preto.
Todas benéficas, todas maléficas.

As tentativas são árduas.
Repletas de altos e baixos.

Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...
Tentativa e erro...



Não sei mais quando estou dormindo, nem sei mais quando estou acordado.

Talvez esse seja o objetivo: atingir um entorpecimento total, onde os problemas sejam esquecidos, onde a vida seja vivida num estado de letargia eterno.
Fecho os olhos e durmo mais um pouco.

sábado, 13 de outubro de 2007

O Coma Criativo - Parte II de IV

Estudos de Medicina

Sei que a resposta a ser procurada não será facilmente encontrada.

“Por que minha Mente parou de funcionar?”

A solução mais imediata é clínica. Entro em uma sala, que mais parece um laboratório de dissecação de cadáveres do fim do século XIX.

Apesar das paredes brancas, não consigo enxergar muita coisa. É tudo como um sonho ruim. O pé direito é enorme, quase infinito. O cheiro de formol é insuportável. Circuitos emaranhados com nervos cerebrais prendem vários diagnósticos na parede. Através da lógica, deixo de lado alguma radiografia da mão ou do joelho, ou algum exame de sangue de quando eu tinha 15 anos. Não é preciso ser “doutor” para saber que esse não é o motivo do meu estado de coma criativo.

Num canto específico da sala está escrito com letras garrafais: CÉREBRO. Acendo um interruptor e vejo minha própria mente em funcionamento.



Ao lado um monitor que não mostra nenhum diagnóstico preocupante:
Eletroencefalograma, OK!
Tomografia, OK!
Exame Psicotécnico, OK!

Porém, por que então eu não me sinto normal? Por que minha mente trabalha de um modo cada vez mais obscuro?

Tudo seria mais fácil se eu estivesse no fim do século XIX. Seria só medir o tamanho do meu crânio. Dependendo das medidas viria o diagnóstico: “maníaco esquizofrênico. Incapaz de viver em sociedade”. O grande problema seriam os choques elétricos...

Contudo, estamos no século XXI, clinicamente está tudo normal, só que não vejo o mundo como as outras pessoas. Tudo é passível de questionamento. Nada me agrada. Tudo está na hora errada e na posição errada. Serão as pessoas normais e eu o louco da história? Se for levar para o lado quantitativo sim, já que sinto ser minoria. Uma minoria pensante (?) que só queria uma boa noite de sono...

Não encontrei nada do que procurava por aqui, a solução é continuar caminhando. Buscando uma resposta. Desligo o interruptor e há um pequeno curto-circuito. Meu cérebro simplesmente queima, tal como uma forte dor de cabeça.



Devo ter apertado o botão errado.
Depois alguém conserta isso pra mim...

domingo, 30 de setembro de 2007

O Coma Criativo - Parte I de IV

Explorações cerebrais

Por algum tempo, seja por excesso de trabalho e estudos, seja por preguiça, seja por incapacidade mental, me vi diante de um forte processo de coma criativo. Tomei um susto quando percebi que estava há mais de um mês sem escrever nada... Como escrever? Por que escrever? Para quem escrever? Para mim mesmo? Para possíveis leitores?

Questões que me faziam pensar e refletir sobre os meus escritos, sobre o sentido das minhas impressões virtuais sobre o mundo. De tanto pensar (?), cheguei a uma reflexão ainda mais profunda: minha Mente tinha parado de funcionar.

Nada adiantava.
Relaxamentos... Nada.
Incenso... Nada.
Agitação... Nada.
Entorpecência cultural... Nada.

Tentei até mesmo botar para pegar no tranco, tal como um fusca no meio do trânsito, mas a desgraça não funcionava.

Como Indiana Jones, um aventureiro em uma região proibida e não antes devidamente explorada, percebi que a única maneira para sair do coma seria adentrar na minha própria cabeça para descobrir as razões do problema.

Serão problemas neurológicos? Problemas Mentais? Excesso de burrice? Sabe-se lá... O fato é que apenas assim eu posso descobrir o porquê de tantas mazelas mentais e voltar a produzir, o que me leva a tanta satisfação.


Primeiros passos, escuto um forte eco. O barulho dos meus tênis descendo as escadas de início me assustam. Vejo um turbilhão de idéias aprisionadas, engavetadas e recordações. Ouço um milhão de vozes e músicas que tocam ao mesmo tempo, de trás para frente, às vezes cantadas por minha própria voz, às vezes cantadas por vozes estranhas.

Tudo faz sentido.

Nada faz sentido.

Infância, adolescência, vida adulta...

Sonhos, realidade, ficção...

Tudo misturado, batido em um liquidificador. Uma tremenda bagunça... Quem diria! Eu que sempre me achei um cara tão organizado! Tropeçando em lembranças, vou caminhando cada vez mais fundo. Buscando uma resposta...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Pela janela

Olhando pela janela podemos ver de tudo.
Podemos sonhar, blasfemar, desejar, nos inspirar...


Mesmo com o tempo nublado, há sempre a possibilidade de acharmos algo com o que sonhar, algo para admirar.
Um pássaro que bate as asas contra o vento. Um menino que rasga o céu, planando por entre as nuvens.

O sonho do menino sempre foi sair voando pela janela, subir além da escuridão e ver a luz do sol.

Porém, ele é só um menino pobre, não tem parentes famosos, nem nasceu em berço de ouro.
Não pôde escolher uma vista bela e sacra através do mecenato de seus pais.
Já cumpriu todas as expectativas. Ninguém nunca deu nada por ele.

A vista da sua janela é a vista que, por enquanto, ele pode ver, os pássaros, o sol, tudo parece estar tão longe...
Voar ainda é só um sonho.
Devaneios que invadem sua mente.
Lembranças de lugares que freqüentou e que ouviu falar, mas que quer conhecer.

O menino quer ganhar o mundo, mas os grilhões são muito pesados, difíceis de arrastar, quanto mais os tirar do chão. Faz tanto esforço que seu corpo dói.
A chave do cadeado está ao seu lado, porém ela é ofertada em troca de sua alma. Em troca de tudo que ele acredita, em troca dos seus sonhos.

Não adianta, o menino não vai se vender.

Contudo, ele não se contenta em ficar só olhando pela janela. Preso. Algemado.
Com uma pequena serra, aos poucos, vai destruindo a corrente, sozinho, surpreendendo a todos, inclusive a ele mesmo.

É só um menino sonhador que também quer voar.

sábado, 18 de agosto de 2007

O amor sem cor



“Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio

E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece."
(Cartola – Acontece)


Primeiramente, peço perdão pela ousadia de citar Cartola, logo no início de um texto meu. Porém, é essa poesia/música que melhor expõe meus sentimentos sobre a vida, sobre o amor.

Somos todos descartáveis no amor.

Muitas vezes por culpa nossa, por excesso de egoísmo, por excesso de competição, por excesso de incompreensão... Tudo isso além das ausências: ausência de carinho, de ouvir o que a mulher amada tem a dizer, de atenção...

Conseguimos transformar um amor colorido em algo preto e branco, mas que foi perdendo as cores aos poucos e não nos demos conta.
Uma aquarela que perde suas nuances dia após dia...

Seremos nós, seres humanos, homens e mulheres, descartáveis por essência?
Pois conseguimos amar, tão intensamente e depois esquecer desse amor de uma hora para a outra...

Terá sido esse amor verdadeiro?

Usamos as pessoas tal como tínhamos o brinquedo preferido da infância.
Aquele que era o mais amado, o mais adorado, mas que se tornava obsoleto quando ganhávamos outro melhor, novo, diferente, as vezes até mais simples de se lidar...

E se substituímos esse brinquedo antigo e gasto por um novo, teremos sentido a verdade?

Falamos verdades no amor que se tornam mentiras tempos depois, já que somos capazes de falar, não necessariamente com as mesmas palavras, as mesmas verdades para diversas pessoas. Nós, seres humanos, conseguimos jurar amor eterno para várias pessoas ao longo de nossa vida, então, a única conclusão é que mentimos.

Um amor não pode sobrepujar o outro, a não ser que o anterior não tenha sido verdadeiro. E se o atual não for o último, ele também terá sido tão falso quanto todos os outros.

Recentemente, um amigo sábio que veio do Sul me fez uma homenagem:

“Se isso é uma doença
Todos vão adoecer.
Vacina que não cura,
Por amor eu vou morrer”.


Caro amigo, o que me preocupa atualmente é se vale a pena amar...
Se vale a pena correr o risco de ser descartado, ou cometer a ofensa de descartar a mulher amada algum tempo depois...

“Acontece que eu já não sei mais amar... o meu coração ficou frio...”
Ficou preto e branco e demorei para perceber.

domingo, 12 de agosto de 2007

Papai eu estou na cadeia

Papai eu estou na cadeia.
Eu gosto daqui.

É confortável.
Tenho cama, cobertores...
Me impedem de ferir as pessoas.
Me dão livros para ler.

Papai eu estou na cadeia.
Eu gosto daqui.

Como arroz e feijão todos os dias.
Ao mesmo tempo em que ninguém é culpado,
Todos são culpados por alguma coisa.
Estou entre meus iguais.

Papai eu estou na cadeia.
Eu gosto daqui.

Qual será o meu crime?
Hipocrisia? Mesquinharia? Cinismo? Já não lembro.
Não importa mais.
A sociedade já cuidou de mim.

Papai eu estou na cadeia.
Eu gosto daqui.

Ao invés de estudar, optei por puxar carros como o senhor sempre pediu.
Era o orgulho do senhor, eu era considerado “águia”.
Tornei-me bem visto na família.
Tal pai, tal filho.

Papai eu estou na cadeia.
Eu gosto daqui.

Você se safou, tinha advogados já preparados para isso.
Já eu não, não quis defensores pagos e hipócritas.
Encontrei a cadeia como refúgio.
Isolamento. Punição. Justiça. Perdão.

Papai eu estou na cadeia.
Eu gosto daqui.

Ninguém mexe comigo.
A maioria tem medo de mim.
Se assustam com meus remédios, com meus acessos de raiva.
Finalmente encontrei meu lar.

Papai eu estou na cadeia.
Eu gosto daqui.

Estou sozinho em minha cela.
Para proteção dos outros, meu banho de sol também é separado.
Recebo livros, filmes e cadernos para escrever...
As meninas de branco são todas minhas amigas.

Papai eu estou na cadeia.
Eu gosto daqui.

As paredes acolchoadas e brancas me passam calma.
Uma calma de espírito que não tenho há tempos.
Me fazem refletir sobre a vida...
Sobre a morte.

Papai eu estou na cadeia.
Eu gosto daqui.

* texto baseado numa animação antiga do “Liquid Television”...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Sétimo Dia

Trágica partida inevitável que é a morte.

O que fazemos em vida trará conseqüências após nossa morte? Haverá um outro lado? De quem é a escolha?

Muitos, durante centenas de anos, já tentaram responder a essas perguntas.
Filósofos, pensadores, poetas, ébrios... - enfim, todos com o estado da mente alterado e apurado.

Com a partida de Bergman e Antonioni, essas questões ficaram permeando minha cabeça de forma ainda mais constante.
No sétimo dia do falecimento de Bergman, assisti “O Sétimo Selo”, filme que trata brilhantemente a relação de temor, aflição, espera, enfrentamento que temos com a Morte.


“Quero confessar com sinceridade, mas meu coração está vazio.
O vazio é um espelho que reflete no meu rosto.
Vejo minha própria imagem e sinto repugnância e medo.
Pela indiferença ao próximo, fui rejeitado por ele.
Vivo num mundo assombrado, fechado em minhas fantasias
(...)
Como podemos ter fé se não temos fé em nós mesmos?
O que acontecerá com aqueles que não querem ter fé ou não têm?”

A morte, personificada ou não, nos persegue durante toda nossa vida:
Durante um acidente o qual escapamos por pouco...
Durante uma doença que nos corrói por dentro e nos mata lentamente...
Durante a solidão que nos faz pedir maior velocidade e eficácia para a Morte...

A questão pertinente deixa de ser sobre o que haverá do outro lado, mas sim sobre como viveremos nossa vida “terrena”.
Sem a certeza do que acontecerá após a nossa morte, o mais certo é viver plenamente, pois não saberemos quando, como ou quão dolorosa será a partida desse mundo.
A não ser que esta seja questão de escolha.

Vivendo e decidindo nossa vida sem pensar em valores morais ou “ocidentais”, teremos dois possíveis finais:
Se estivermos errados, seremos meros pecadores, passíveis do perdão divino, se estivermos certos, teremos aproveitado nossa existência da melhor maneira possível.

Somente posso afirmar uma coisa, caso eu esteja errado, escolho ir para o lugar melhor freqüentado, com as melhores músicas e pessoas... - seja ele onde for.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Lunático Tarja Preta – Parte II

[Dor]

O dedo está no gatilho...

[Dor]

Uma gota de suor escorre pela sua testa. Mesmo com as diversas tarjas que encobrem sua mente, o bastardo consegue sentir o gosto amargo em sua boca...

[Dor]

Suor misturado com lágrimas...

[Desorientação]

Em um momento de lucidez, percebe que a arma não está nas mãos do seu inimigo, mas em suas próprias mãos.
Quem a colocou lá? Ninguém sabe... Talvez as circunstâncias, seu modo de viver, sua postura frente ao mundo... Ele é seu próprio inimigo, pois os cria e os alimenta com seu ódio.



[Dor]

Nem assim o canalha consegue ser original.
Isso já foi visto em vários filmes, porém agora é a vida real. É questão de opção.
A opção do Lunático Tarja Preta em terminar sua dor...

[Desorientação]

É a vida dele em jogo. É direito dele...
Agora é seu dedo no gatilho. Suas mãos tremem... Não sabe o que fazer, para onde ir, por quem pedir socorro...

[Dor]

Não há ninguém, a não ser ele mesmo. Não há para quem pedir ajuda... A dor de cabeça é insuportável.

[Dor]

Roleta russa, é apenas uma bala dentro do pente...
Tique-taque, passa o tempo e nada se resolve...
Cara ou coroa, tudo pode ser decidido numa questão de sorte...
Tique-taque, tique-taque, tique-taque...

[Dor]

Primeira tentativa, frustrada, seu dedo pressiona o gatilho e nada acontece...
Pressiona várias vezes em vão, até que resta a última bala no pente. Não tem como voltar atrás.
É agora ou nunca.

[Dor]

A última faixa do primeiro disco do “The wall” começa a tocar sozinha... É o sinal que o bastardo precisava.

Menos um filho da puta no mundo.

[Fim]

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Lunático Tarja Preta – Parte I

Soube uma vez da história do Lunático Tarja Preta.



[Lágrimas]

Vaga pelas madrugadas em busca de prazer e decepção.
Por onde quer que vá está buscando esquecer de si mesmo.
As noites são densas e sempre frias... É normalmente carregado por um dragão verde que o afasta cada vez mais da realidade.

[Distúrbios]

Ele não tem família e nem lar. Lá sua estadia praticamente não é percebida. É um fantasma...
Exceto pela constante presença da música, que o acompanha para onde quer que vá. É quase a trilha sonora de um filme, um som diegético e não-diegético ao mesmo tempo...

[Neurose]

O canalha está sempre fugindo da realidade. Tem apenas um dos pés no chão, mas o outro está a um passo do abismo sem fim. Tenta sair do engarrafamento e sair voando como o personagem de Mastroianni em 8½. Entretanto, nunca consegue. Sua vida o impede.

[Taquicardia]

Deixou a tudo e a todos pela insanidade que o corrompe. Não entende ninguém, não entende a si mesmo. Vive imerso em sua mente e está cada vez pior com isso. É um ser totalmente desorientado... Vira sua cabeça para os lados, mas as imagens mexem cada vez mais devagar.

[Inércia]

Contratou um de seus inimigos para aliviar a tensão. Uma arma na sua cabeça pode resolver todo o problema, pois é lá a raiz de tudo. Seria muito mais fácil para ele parar de pensar, mas o bastardo não consegue, mesmo com seus pensamentos, atualmente, fluindo somente pela metade.

[Clo-na-ze-pam]

O dedo já está no gatilho. Seus olhos estão fechados esperando o pior. Dor...
(continua...)

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ao acaso

Estou sentando num bar. Pessoas desconhecidas me rodeiam, espero um único amigo que demora a chegar.
A companhia é linda por fora, mas vazia por dentro, não há o que observar, não há o que conversar. O que eu estou fazendo ali?
Ao acaso vejo tudo em preto e branco. Apenas meu copo de cerveja permanece colorido e belo.

Saio mentalmente daquele bar e me projeto para outro lugar.

Percebo que estou no lugar errado, ao lado de quem eu não quero estar... Como falar sobre Kubrick? Ou sobre Pink Floyd? Tudo é superficial demais para mim...
Ontem foi uma era perfeita, a qual não voltará mais. Era uma época em que eu conseguia esquecer quem eu realmente sou...