quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Pela janela

Olhando pela janela podemos ver de tudo.
Podemos sonhar, blasfemar, desejar, nos inspirar...


Mesmo com o tempo nublado, há sempre a possibilidade de acharmos algo com o que sonhar, algo para admirar.
Um pássaro que bate as asas contra o vento. Um menino que rasga o céu, planando por entre as nuvens.

O sonho do menino sempre foi sair voando pela janela, subir além da escuridão e ver a luz do sol.

Porém, ele é só um menino pobre, não tem parentes famosos, nem nasceu em berço de ouro.
Não pôde escolher uma vista bela e sacra através do mecenato de seus pais.
Já cumpriu todas as expectativas. Ninguém nunca deu nada por ele.

A vista da sua janela é a vista que, por enquanto, ele pode ver, os pássaros, o sol, tudo parece estar tão longe...
Voar ainda é só um sonho.
Devaneios que invadem sua mente.
Lembranças de lugares que freqüentou e que ouviu falar, mas que quer conhecer.

O menino quer ganhar o mundo, mas os grilhões são muito pesados, difíceis de arrastar, quanto mais os tirar do chão. Faz tanto esforço que seu corpo dói.
A chave do cadeado está ao seu lado, porém ela é ofertada em troca de sua alma. Em troca de tudo que ele acredita, em troca dos seus sonhos.

Não adianta, o menino não vai se vender.

Contudo, ele não se contenta em ficar só olhando pela janela. Preso. Algemado.
Com uma pequena serra, aos poucos, vai destruindo a corrente, sozinho, surpreendendo a todos, inclusive a ele mesmo.

É só um menino sonhador que também quer voar.

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