sábado, 18 de agosto de 2007

O amor sem cor



“Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio

E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece."
(Cartola – Acontece)


Primeiramente, peço perdão pela ousadia de citar Cartola, logo no início de um texto meu. Porém, é essa poesia/música que melhor expõe meus sentimentos sobre a vida, sobre o amor.

Somos todos descartáveis no amor.

Muitas vezes por culpa nossa, por excesso de egoísmo, por excesso de competição, por excesso de incompreensão... Tudo isso além das ausências: ausência de carinho, de ouvir o que a mulher amada tem a dizer, de atenção...

Conseguimos transformar um amor colorido em algo preto e branco, mas que foi perdendo as cores aos poucos e não nos demos conta.
Uma aquarela que perde suas nuances dia após dia...

Seremos nós, seres humanos, homens e mulheres, descartáveis por essência?
Pois conseguimos amar, tão intensamente e depois esquecer desse amor de uma hora para a outra...

Terá sido esse amor verdadeiro?

Usamos as pessoas tal como tínhamos o brinquedo preferido da infância.
Aquele que era o mais amado, o mais adorado, mas que se tornava obsoleto quando ganhávamos outro melhor, novo, diferente, as vezes até mais simples de se lidar...

E se substituímos esse brinquedo antigo e gasto por um novo, teremos sentido a verdade?

Falamos verdades no amor que se tornam mentiras tempos depois, já que somos capazes de falar, não necessariamente com as mesmas palavras, as mesmas verdades para diversas pessoas. Nós, seres humanos, conseguimos jurar amor eterno para várias pessoas ao longo de nossa vida, então, a única conclusão é que mentimos.

Um amor não pode sobrepujar o outro, a não ser que o anterior não tenha sido verdadeiro. E se o atual não for o último, ele também terá sido tão falso quanto todos os outros.

Recentemente, um amigo sábio que veio do Sul me fez uma homenagem:

“Se isso é uma doença
Todos vão adoecer.
Vacina que não cura,
Por amor eu vou morrer”.


Caro amigo, o que me preocupa atualmente é se vale a pena amar...
Se vale a pena correr o risco de ser descartado, ou cometer a ofensa de descartar a mulher amada algum tempo depois...

“Acontece que eu já não sei mais amar... o meu coração ficou frio...”
Ficou preto e branco e demorei para perceber.

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